terça-feira, 18 de junho de 2013

Tolerância zero!

As notícias têm prazo determinado.  Começam com veemência e, de repente, se afunilam num buraco qualquer e desaparecem. Mas o fato que as motivou continua existindo e, geralmente, envolve apropriação de dinheiro alheio.

Ouviu-se muito, com indignação, sobre as falcatruas no Hospital do Câncer de Campo Grande, MS. Exames cobrados de quem já morreu? Ah, já devolveram o dinheiro. Ímprobos na direção do hospital? Sim, mas eles já deixaram o cargo. Quem pagará o superfaturamento que as empresas – ligadas aos administradores - tiveram? Quem restituirá esse dinheiro, que faltou, certamente, a alguém que precisou para que outros se enriquecessem?

Devemos soltar os ladrões condenados só por terem devolvido do que roubaram? Devemos liberar o ladrão preso em flagrante só porque não conseguiu levar o produto de seu crime?

Mais chocante ainda é o perdão das dívidas da Santa Casa. Perdoar as dívidas, nesse caso, não resolve o problema que se resume na aplicação da lei. Se as contas não batem, o responsável deve responder por tal. É certo que, depois do devido processo legal, só a privação da liberdade do corrupto não diminui o caos, mas o dinheiro tem ser devolvido e aplicado onde deveria, no atendimento da população. Se necessário, aplique-se a despersonalização jurídica e penhore-se tudo desse administrador fraudulento.

Se o dinheiro desviado é público, o povo tem de concordar com esse estranho perdão! Mais: quem é você para perdoar desvio de dinheiro que me pertence?

Como perdão virou moda, cogitou-se em perdoar a dívida dos aluguéis da câmara dos vereadores, jogando para baixo do tapete a irresponsabilidade administrativa. Já questionei o fato e não obtive resposta: quem ficou com a dinheirama? Existe até uma petição pública para que o prefeito construa um prédio novo para os vereadores! Poupem-me!!! O que a câmara faz com sua receita? O executivo tem de pagar a conta dele e do legislativo? Isso afronta o raciocínio do cidadão normal!

Sugeriu-se a volta para a antiga Câmara, mas os exigentes vereadores não querem, porque, acostumados a nababescas mordomias, lá é pequeno. Uma vergonha!!! Em países desenvolvidos, vereadores não têm sala própria e fazem muito mais pela cidade do que jogar farpas no executivo. Nesses países (Luxemburgo, Bélgica, etc.), os vereadores trabalham em suas profissões seculares e separam um tempo para atender às necessidades da cidade. Sequer ganham salários de político nem empregam parentes e apaniguados. Escolheram ajudar a cidade dessa forma e fazem muito mais do que os vereadores de Campo Grande.

Em tempos de avanço tecnológico, um vereador sério só precisa de um i-Phone, acesso à internet e um pouco de inteligência.

É fácil sumir com o dinheiro público e esperar que a dívida seja perdoada e o roubo possa ser repetido. Essa é a rotina no Brasil. Ninguém responsabilizado, ninguém punido e, no caso dos vereadores, ainda exigem coisas absurdas do Executivo em causa própria. Daqui a pouco, vão reformar banheiros por R$90.000,00!

Não adianta mudar o administrador público se o substituto fizer igual ou pior. É preciso implantar nova consciência nas pessoas, o que parece mais difícil do que transformar água em vinho. É tanta corrupção que é preciso apagar e reescrever o país.

Se todos tiverem consciência de que a ilegalidade será punida, o país ideal passa a ser possível, mesmo que leve décadas para tanto. Qualquer ilícito tem que ser punido! Não pode haver crescimento num país onde ocupantes de cargo público usa-o para tirar vantagens financeiras como se fosse a coisa mais normal e certa.

É preciso uma justiça pronta e célere para punir enquanto o crime está quentinho e não deixar o julgamento do facínora para vinte anos depois do ilícito quando se aposentou o juiz, morreu o promotor e os fatos se esmaecem na implacabilidade do tempo.


Enfim, os que sobrevivem ao tempo estão velhos, cansados e doentes, mais preocupados em poupar fôlego para viver mais uns poucos anos do que em se envolver no julgamento justo de um crime que comemora dezenas de anos e que os venceu pelo cansaço.

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