terça-feira, 18 de junho de 2013

Pronto desatendimento

Hoje entendo minha paúra de ir ao médico. O mal que aflige a saúde é menor e menos humilhante do que o descuido, o despreparo e a desumanidade que permeiam muitos centros de saúde.

Normalmente, fala-se dos centros públicos. Esta experiência de terror passa-se em uma badalada clínica particular.

Após difícil semana com dores na coluna, já desesperançada de que elas se cansassem de mim e saíssem de fininho, rendi-me ao raio-x e à consulta médica. A contragosto, gastei uma tarde inteira apenas para autorizar o exame e a consulta, tirar o raio-x e passar por um médico.

A autorização foi um parto. A atendente acusou o plano de saúde de autorizar outro médico, o que não se justifica, pois a clínica informa o nome dos médicos de plantão.  Para o raio-x, deram-me uma bermuda amarrotada de tanto uso, quando se deve usar uma roupa por paciente. Não fosse a dor tamanha, teria me recusado a prosseguir em tais condições. Cansada de aguardar a consulta, interpelei a atendente, recebi a resposta-prova de sua incompetência, com a ridícula explicação. Aguardei a consulta médica por mais uma eternidade.

O médico tinha sumido para o calabouço da clínica e outro atendente me chamou como se eu tivesse agendado uma consulta! Mais um erro da moça do pronto-atendimento enquanto eu continuava minha via crucis (quem sofreu de coluna, sabe) às moscas esperando pelo lento-atendimento.

Pedimos para chamarem o médico imediatamente, para falar com o administrador da clínica, esperamos, pedimos de novo e lá pelas tantas o médico veio, olhou meu raio-x e, desmentindo exames anteriores que atestavam desvios na minha coluna, falou que eu não tinha absolutamente nada.  Mesmo assim, passou um remédio e sugeriu que eu procurasse um especialista em coluna. Ora, se não tenho nada, para que o remédio ou um especialista em coluna?

Pra mim, essa clínica foi um grande engodo! É evidente que se eu não tivesse nada, não teria ido lá! O médico fez uma consulta daquelas que nem o Rolo (cachorro sacrificado por ter Leishmaniose Visceral) recebeu. O tratamento que recebi naquele lugar não é digno nem de um animal irracional.

Tudo gira em torno de dinheiro. Querem nosso dinheiro e dane-se o atendimento. Com o pretexto de aliviarem nosso mal, surrupiam-nos nossas moedas, nossa dignidade e saímos de lá piores do que entramos, porque a dor continua – sem explicação e sem solução –, somos insultados com a conduta cruel de gente daquele tipo e ficamos desacreditados porque aproveitam-se da nossa fragilidade na hora da dor para mostrarem a que, de fato, vieram.

Plano de saúde não garante bom atendimento! Se clínicas particulares, postos de saúde públicos, atendentes e médicos se dedicassem a aliviar o sofrimento de quem os procura, o sistema de saúde seria melhor.

No final das contas, se você depende daquele atendimento para viver, você morre como têm sido repetidas vezes noticiado. O trauma que me levou até o centro médico é ínfimo diante do trauma com que saí de lá.


Só para constar, o administrador até agora não apareceu, a minha dor continua e, quem sabe, na próxima semana, eu consiga um médico especialista em coluna digno desse nome para me orientar corretamente.

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