Não basta o
fato de ter gente que vive do lixo que produzimos, não basta termos de
sustentar essas pessoas depois de o último prefeito fechar o lixão sem dar
solução adequada para o sustento dessas pessoas. Precisamos agora sustentar
também gente que ouviu do novo prefeito que será dado – mediante cadastro -
salário mínimo para essas pessoas até elas estarem devidamente incluídas em
programa de formação profissional ou trabalhando.
É assim que
um rapaz de 20 anos que nunca ter trabalhou no lixão argumenta que vai
sustentar seus dois filhos depois de ter perdido o emprego.
Ora, pagar
para um salário mínimo a quem já trabalhava no lixão já é suspeito, porque o
poder público é responsável pelo destino do lixo e não poderia permitir que
seres humanos vivessem dele como acontece em Campo Grande. Isso prova que as
falhas de organização e fiscalização do poder público são deploráveis e, por
isso, pagamos duas vezes: nos impostos e agora com essa nova bolsa. Mas que uma
pessoa que nunca trabalhou com reciclagem veja nessa atitude do prefeito um
jeito de sustentar sua família não é aceitável.
Não se julga
o fato de a pessoa escolher ter dois filhos aos 20 anos enquanto poderia ter
escolhido primeiro ter uma formação e poder sustentar uma família; cada cidadão
pode fazer as escolhas que quiser. O que não pode é esse cidadão fazer suas
escolhas e a sociedade sustentá-las.
O argumento
de que “Não teve como evitar!” não corresponde à verdade. Que pessoa informada
a ponto de querer receber o salário que o prefeito vai dar aos trabalhadores do
lixão sem ter direito a ele não sabe que existem meios de se evitar uma
gravidez? Cônscio de seus “direitos”, não sabe que os postos de saúde na
capital dão a cada pessoa cadastrada no SUS três camisinhas por semana? E cá
entre nós, quem não tem cacife para sustentar uma família, que não faça uma.
Cortesia com
chapéu alheio é o que também acontece nas casas que a prefeitura financia para
pessoas de baixa renda. O que cada beneficiado vai pagar ao longo de toda sua
vida não paga o gasto total com a habitação que recebeu. Sabidamente, o
dinheiro que a prefeitura usa para pagar essas construções é do povo que
supostamente consciente elegeu pessoas para executarem planos para a cidade.
Pressupõe-se que se sabe serem elas capazes de fazer uma administração pública
promovendo o bem dos moradores, implantando políticas que melhorem a vida de
todos, desde o bom funcionamento da saúde pública até a educação e habitação.
Sabe-se
também que apesar de tudo isso, há fraudes. Pessoas fantasmas – o que é em si
um paradoxo – recebem casas. E, de novo, não bastando isso, muitas pessoas que
recebem essas casas se acham no direito de venderem-na.
Então, alguém
é beneficiado por um programa do governo, recebe o direito de morar numa casa
que custa em torno de R$ 35.000,00, os quais serão pagos em pelo menos 20 anos
e, em menos de um ano de moradia e pagamento, vendem a casa. Ou seja,
apoderam-se de R$ 35.000,00 que não são seus e barganham-no do jeito que bem
entendem.
Para agravar
a situação, os que não vendem a casa não pagam o IPTU. Acham que são pobres e
que não têm que pagar o imposto.
O que há de
errado com esse tipo de conduta do povo brasileiro?
Infelizmente,
a resposta grita: a quantidade de pessoas em posição de destaque que dão mau exemplo
e que geralmente sai impune é tanta que o povão agora acha que esse é o caminho
a seguir e que fazer empada com a azeitona alheia é o caminho mais curto para
seu próprio bem-estar. Para quê trabalhar se posso me inscrever em qualquer um
dos programas do governo e, assim, levar a vida? Para quê cumprir o contrato de
habitação se posso ganhar dinheiro em cash
vendendo o que ainda não é meu? Não há fiscalização nem controle e isso, num
país que sequer ouviu falar no Contrato Social de Russeau, é um convite a essas
“corrupçõezinhas” que historicamente viram mensalões.
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