terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O chapéu é meu!


Não basta o fato de ter gente que vive do lixo que produzimos, não basta termos de sustentar essas pessoas depois de o último prefeito fechar o lixão sem dar solução adequada para o sustento dessas pessoas. Precisamos agora sustentar também gente que ouviu do novo prefeito que será dado – mediante cadastro - salário mínimo para essas pessoas até elas estarem devidamente incluídas em programa de formação profissional ou trabalhando.
É assim que um rapaz de 20 anos que nunca ter trabalhou no lixão argumenta que vai sustentar seus dois filhos depois de ter perdido o emprego.
Ora, pagar para um salário mínimo a quem já trabalhava no lixão já é suspeito, porque o poder público é responsável pelo destino do lixo e não poderia permitir que seres humanos vivessem dele como acontece em Campo Grande. Isso prova que as falhas de organização e fiscalização do poder público são deploráveis e, por isso, pagamos duas vezes: nos impostos e agora com essa nova bolsa. Mas que uma pessoa que nunca trabalhou com reciclagem veja nessa atitude do prefeito um jeito de sustentar sua família não é aceitável.
Não se julga o fato de a pessoa escolher ter dois filhos aos 20 anos enquanto poderia ter escolhido primeiro ter uma formação e poder sustentar uma família; cada cidadão pode fazer as escolhas que quiser. O que não pode é esse cidadão fazer suas escolhas e a sociedade sustentá-las.
O argumento de que “Não teve como evitar!” não corresponde à verdade. Que pessoa informada a ponto de querer receber o salário que o prefeito vai dar aos trabalhadores do lixão sem ter direito a ele não sabe que existem meios de se evitar uma gravidez? Cônscio de seus “direitos”, não sabe que os postos de saúde na capital dão a cada pessoa cadastrada no SUS três camisinhas por semana? E cá entre nós, quem não tem cacife para sustentar uma família, que não faça uma.
Cortesia com chapéu alheio é o que também acontece nas casas que a prefeitura financia para pessoas de baixa renda. O que cada beneficiado vai pagar ao longo de toda sua vida não paga o gasto total com a habitação que recebeu. Sabidamente, o dinheiro que a prefeitura usa para pagar essas construções é do povo que supostamente consciente elegeu pessoas para executarem planos para a cidade. Pressupõe-se que se sabe serem elas capazes de fazer uma administração pública promovendo o bem dos moradores, implantando políticas que melhorem a vida de todos, desde o bom funcionamento da saúde pública até a educação e habitação.
Sabe-se também que apesar de tudo isso, há fraudes. Pessoas fantasmas – o que é em si um paradoxo – recebem casas. E, de novo, não bastando isso, muitas pessoas que recebem essas casas se acham no direito de venderem-na.
Então, alguém é beneficiado por um programa do governo, recebe o direito de morar numa casa que custa em torno de R$ 35.000,00, os quais serão pagos em pelo menos 20 anos e, em menos de um ano de moradia e pagamento, vendem a casa. Ou seja, apoderam-se de R$ 35.000,00 que não são seus e barganham-no do jeito que bem entendem.
Para agravar a situação, os que não vendem a casa não pagam o IPTU. Acham que são pobres e que não têm que pagar o imposto.
O que há de errado com esse tipo de conduta do povo brasileiro?
Infelizmente, a resposta grita: a quantidade de pessoas em posição de destaque que dão mau exemplo e que geralmente sai impune é tanta que o povão agora acha que esse é o caminho a seguir e que fazer empada com a azeitona alheia é o caminho mais curto para seu próprio bem-estar. Para quê trabalhar se posso me inscrever em qualquer um dos programas do governo e, assim, levar a vida? Para quê cumprir o contrato de habitação se posso ganhar dinheiro em cash vendendo o que ainda não é meu? Não há fiscalização nem controle e isso, num país que sequer ouviu falar no Contrato Social de Russeau, é um convite a essas “corrupçõezinhas” que historicamente viram mensalões.

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