domingo, 5 de maio de 2013

Bem me quer, mal me quer...


No Planalto, veem-se os partidos brigando por ministérios, secretarias e comissões. Passam dias em arranjos para saber quem fica com o quê como se estivessem dando a cada um sua parte no espólio. É um puxa-puxa pra lá e pra cá sem fim.

A mais falada queda de braço atualmente é a da Comissão de Direitos Humanos. No partir do pão, nenhum partido achou ter a Comissão grandeza suficiente para, através dela, ter ele próprio sua imagem projetada nacionalmente. Ficou tão ao léu que, mesmo quando o PSC resolveu adotá-la, nenhum dos grandes partidos se opôs.

Mas, então, quando o brinquedo largado começou a aparecer na mídia todos os dias, nasceu o interesse pela Comissão. Bem ou mal – mais mal do que bem -, o presidente da Comissão de Direitos Humanos ganhou projeção nacional. Mal sabe falar, só usa argumentos religiosos, é debochado, não sabe fazer política de verdade, mas está na mídia a ponto de, hoje, qualquer brasileiro saber quem ele é.

Então, o patinho feio virou cisne, porque chama a atenção das pessoas, porque provoca reações mil, porque mostra o partido à nação. Deveria estar em alta por “discutir e votar propostas legislativas relacionadas ao tema, por acompanhar e fiscalizar projetos de governo, pesquisar sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, defender as minorias éticas e sociais como os indígenas, afrodescendentes e homossexuais”. Deveria a Comissão estar em alta por estabelecer planos a respeito da dignidade humana, tornando-a efetiva em todo território brasileiro.

Há brasileiro que, sequer, tem o que beber; não tem onde morar. Sem nem isso tem, falar em escolaridade, em futuro promissor chega a ser uma afronta a esses pobres-diabos, abandonados pela vida e pelo Estado Democrático de Direito.

Enquanto isso, o parlamentar se gaba dizendo que não vai sair da presidência porque deputado não tem patrão – o que é um grande engano: o povo é o seu patrão! -, os partidos que desdenharam da comissão ficam, de novo, articulando para arranjar um jeito de destituir o atual presidente, os manifestantes ficam seguindo-o como se fosse santo milagreiro e como se não houvesse nada mais útil para fazer e o povão, que votou em todos os políticos que estão cumprindo mandato, assiste a tudo passivamente.

O pior de tudo é que se trata de um país cujos donos pouco sabem sobre sua administração, seus gastos, seus investimentos, seus acordos econômicos. É uma casa em que o dono nunca aparece, só decide quem vai assinar por si e paga as contas, sem olhar se são necessárias, se estão dentro dos valores praticados na sociedade. Simplesmente paga e paga e paga.

Final da história: quem está abandonado pelo país continuará abandonado; quem está brigando pelas melhores fatias do bolo continuará brigando, quem pode fazer alguma coisa e não faz continuará ganhando pela inércia e o povo continuará sendo povo: omisso, negligente e bom pagador. Quem não quer um patrão assim?

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