No Planalto, veem-se os partidos
brigando por ministérios, secretarias e comissões. Passam dias em arranjos para
saber quem fica com o quê como se estivessem dando a cada um sua parte no
espólio. É um puxa-puxa pra lá e pra cá sem fim.
A mais falada queda de braço atualmente
é a da Comissão de Direitos Humanos. No partir do pão, nenhum partido achou ter
a Comissão grandeza suficiente para, através dela, ter ele próprio sua imagem
projetada nacionalmente. Ficou tão ao léu que, mesmo quando o PSC resolveu
adotá-la, nenhum dos grandes partidos se opôs.
Mas, então, quando o brinquedo
largado começou a aparecer na mídia todos os dias, nasceu o interesse pela
Comissão. Bem ou mal – mais mal do que bem -, o presidente da Comissão de Direitos
Humanos ganhou projeção nacional. Mal sabe falar, só usa argumentos religiosos,
é debochado, não sabe fazer política de verdade, mas está na mídia a ponto de,
hoje, qualquer brasileiro saber quem ele é.
Então, o patinho feio virou
cisne, porque chama a atenção das pessoas, porque provoca reações mil, porque
mostra o partido à nação. Deveria estar em alta por “discutir e votar propostas legislativas relacionadas ao tema, por acompanhar
e fiscalizar projetos de governo, pesquisar sobre a situação dos direitos
humanos no Brasil, defender as minorias éticas e sociais como os indígenas, afrodescendentes e homossexuais”.
Deveria a Comissão estar em alta por estabelecer planos a respeito da dignidade
humana, tornando-a efetiva em todo território brasileiro.
Há brasileiro que, sequer, tem o
que beber; não tem onde morar. Sem nem isso tem, falar em escolaridade, em
futuro promissor chega a ser uma afronta a esses pobres-diabos, abandonados
pela vida e pelo Estado Democrático de Direito.
Enquanto isso, o parlamentar se
gaba dizendo que não vai sair da presidência porque deputado não tem patrão – o
que é um grande engano: o povo é o seu patrão! -, os partidos que desdenharam
da comissão ficam, de novo,
articulando para arranjar um jeito de destituir o atual presidente, os
manifestantes ficam seguindo-o como se fosse santo milagreiro e como se não
houvesse nada mais útil para fazer e o povão, que votou em todos os políticos
que estão cumprindo mandato, assiste a tudo passivamente.
O pior de tudo é que se trata de
um país cujos donos pouco sabem sobre sua administração, seus gastos, seus
investimentos, seus acordos econômicos. É uma casa em que o dono nunca aparece,
só decide quem vai assinar por si e paga as contas, sem olhar se são
necessárias, se estão dentro dos valores praticados na sociedade. Simplesmente
paga e paga e paga.
Final da história: quem está
abandonado pelo país continuará abandonado; quem está brigando pelas melhores
fatias do bolo continuará brigando, quem pode fazer alguma coisa e não faz continuará
ganhando pela inércia e o povo continuará sendo povo: omisso, negligente e bom
pagador. Quem não quer um patrão assim?
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