quarta-feira, 1 de maio de 2013

Formados em 2º grau


Há muito tempo, todos – professores, alunos, pais, políticos, eleitores – admitem que falta muito à educação do Brasil para que chegue à proficiência em Língua Portuguesa e Matemática. Quando se fala em História, Geografia, Ciências e LEM (Língua Estrangeira Moderna), a deficiência se avulta numa proporção quase insuperável. São matérias que estão na grade curricular desde o início do Ensino Fundamental, mas ao final de 12, 13 anos, o aluno – se tiver aprendido – não terá o que fazer com cada uma delas.

Realidade terrível, por exemplo, um aluno que acaba de concluir o Ensino Médio, não consegue ser classificado no Enem e não tem formação alguma. Não existe a profissão “Formado em 2º grau”. O pior disso é que, se for trabalhar de balconista em farmácia, em padaria, ou se for trabalhar como caixa de supermercado, terá de fazer um curso antes. Admiro a iniciativa do Senac em oferecer essa qualificação profissional, mas é um absurdo um ser humano de 18 anos passar tantos anos na escola que, pública ou particular, está sendo paga e, ao sair, não poder ser nem um atendente.

Alguns desses são incapazes de assinar o próprio nome de forma legível, como poderão ser um auxiliar administrativo, preencher um cheque, anotar um recado e repassá-lo? É comum mercados reclamarem que não há pessoas qualificadas para ser operadores de caixa, farmácias e padarias procurando atendentes como se procura agulha no palheiro. Mas os “Formados em 2º grau” ficam felizes da vida quando conseguem emprego temporário, porque assim que acaba o contrato de serviço, não serão admitidos em lugar algum porque não têm nada a oferecer e automaticamente receberão seguro-desemprego. Ficaram na aba de alguém que trabalha, paga suas contas e impostos e ainda sustenta o coitadinho desempregado.

A necessidade de reforma na educação é urgente! O país grita por desenvolvimento, por crescimento econômico. Precisamos de cursos técnicos, profissionalizantes. As pessoas não deveriam ser obrigadas a pagar um curso à parte – seja técnico ou superior - para ter uma profissão. O dinheiro que é gasto com a educação hoje no Brasil é um dinheiro bem pouco aproveitado. Ensinar as pessoas a ler e escrever e saber en passant que existem outras ciências além da língua – sim, porque não veem utilidade nas matérias impostas e não as aprendem - é muito pouco para o volume de dinheiro que se gasta nessa área. Estamos jogando dinheiro no ralo!

Investir em educação implica formar pessoas, dar-lhes uma profissão na educação básica. Ensinar gastronomia, contabilidade, marcenaria, mecânica, por exemplo, é dar a todos a chance de poder se sustentar sem necessariamente ir à faculdade. Teríamos mão de obra qualificada antes dos 25 anos, idade em que os que foram à faculdade aos 18 e dependendo do curso estão entrando no mercado de trabalho, com alguma formação e sem experiência. Isso retarda o crescimento pessoal e social, consequentemente o desenvolvimento econômico fica sempre aquém do que poderia ser e o caminho para o desenvolvimento fica mais longo do que o necessário.

Essa não é uma luta fácil e não é uma luta solitária. É uma guerra que para ser vencida tem de contar com cada cidadão. O Estado de Direito em que o dever de ser cidadão está implícito requer que cada um que se abriga no solo desta Pátria, mãe gentil, honre a pátria que o acolheu ou o país que o embalou e lute por um país em que as pessoas se orgulhem de serem brasileiras. Não é clichê, não é slogan de TV; é ser homem, dono de sua terra, que nela e por ela trabalha para vê-la prosperar e com ela crescer.

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