A prevenção tão falada em todo
território brasileiro não parece ser uma prática do governo brasileiro.
Pessoas sofrendo com a seca no
sertão nordestino são prova disso. Apesar de ninguém ser responsável pela seca,
o governo como responsável pela dignidade da pessoa humana é, sim, responsável
por criar meios de prevenir os percalços advindos da seca.
Pequenos produtores de leite não
têm água porque não chove; não têm como alimentar o gado porque a cana-de-açúcar
usada para tal fim fica a mais de 100 km de distância e o transporte custa
R$1.000,00. Se não podem alimentar o gado de que tiram o sustento, como poderão
se alimentar?
O tardio remédio governamental
foi o anúncio da criação de vários pólos de distribuição de cana-de-açúcar a fim
de atender os produtores de leite. Por enquanto, tudo não passa de um anúncio.
Até à implantação, muita ração ainda será feita com os ossos de gado morto.
Ajudem os céus para que não pereçam também os produtores!
Do outro lado dessa imensidão
chamada Brasil, ano a ano, o governo assiste de camarote a morte de dezenas de
pessoas. É bem verdade que muitas pessoas insistem em continuar morando em
lugares condenados pela Defesa Civil; brincam de cabo de guerra com a natureza
que não se intimida com a presença de seres humanos. Mesmo assim, quem permitiu
que fossem feitas construções em áreas de riscos de desmoronamentos? Não é a
prefeitura que dá a permissão?
No alto da montanha, a pousada
bacaninha namora ou desafia o perigo. Quem lhe concedeu alvará para ali se
instalar e atrair hóspedes incautos? A Prefeitura!
Somado aos baixos salários, o que
diminui a possibilidade de adquirir um terreno em áreas mais seguras porque
nobres, está o descuido do poder público que, ao invés de proteger o cidadão,
dá-lhe a permissão para subir seu Calvário, de onde despencará para a morte
lamacenta.
“O governo do Estado também quer
investir em obras”, “A prefeitura isso...”, “A União aquilo...”. Todos anunciam
suas receitas cheias de bons remédios para os que sofrem com o que acontece todo ano. Todo ano morre gente nos desmoronamentos;
todo ano sertanejos são maltratados pela estiagem no nordeste. Todo ano a morte
vem nos mesmos bat locais e bat horários e o governo entrega os
seus mortos sem cerimônia e sem dó.
Muitos remédios nunca chegam a
seu destino e, os que chegam, chegam tarde. Onde estão as casas prometidas na
última catástrofe da região serrana do Rio de Janeiro? Por que as notícias das
consequências da seca no nordeste são sempre mais numerosas do que as do resultado
do Programa Emergencial para Seca naquela região? Onde estão os investimentos
para que o produtor se sustente nos períodos de estiagem?
Os que escolhem remediar a
prevenir se calam diante desses questionamentos e, infelizmente, ano que vem,
acontecerá tudo de novo. Seca, chão rachado, gado morto, produtor à míngua,
chuva, desmoronamento, morte.
Pior do que as rachaduras da caatinga
é a administração pública em que muitos enchem a burra de dinheiro, fartam-se
em vinhos, viagens e caviares e deixam o povo ao relento. Sem pão, sem circo e
plateia da própria tragédia.
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