sábado, 14 de dezembro de 2013

E agora, Eu?

A aula acabou,
a voz se apagou,
o aluno sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Eu?

Estou comigo,
com meus discursos,
com um amor distante,
sem um espumante,
só com a lembrança
de uma noite encantada,
paga em eterna saudade.
A noite esfriou,
O negrume chegou
com a companheira fiel
que se acomodou,
solidária e solitariamente.
Veio também a angústia,
suprimiu meu riso
e levou o viço
da minha juventude,
ainda vivaz.
                      
E agora, Eu?
Minha doce palavra,
meu instante de febre,
minha sede e fome de você,
minha biblioteca,
minha fábrica de sonhos,
minha transparência,
minha doação,
meu amor – e agora?

Com a chave na mão,
quero abrir a porta.
Trancada por dentro.
Quero amar,
mas o amor recuou.
Quero ir à Argentina,
Argentina não há mais.
Eu, e agora?

Posso gritar,
posso gemer,
posso tocar
a valsa vienense,
Strangers of the Shore,
Over the Rainbow
até cansar,
posso morrer...
Mas Eu não morro,
Sigo firme e forte!

Sozinha no escuro
qual bicho-do-mato,
eu e Deus,
sem casa,
sem família,
sem destino,
Eu marcho!
Pra onde, Eu?

Pra onde o Amor me levar.


Gizeli Costa
27ABR2011



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